Introdução
O monte Aconcágua está localizado na cordilheira dos Andes - Mendoza - Argentina - no parque provincial Aconcágua. Com 6.962 msnm é a maior montanha das Américas, ou ainda a maior montanha do mundo, fora da cordilheira do Himalaia. A conquista do cume foi feita por Matías Zübriggen em 14 de janeiro de 1897 que deixou sua piqueta no cume como prova. O Aconcágua, que na língua quíchua significa ‘sentinela de pedra’, faz parte do circuito dos 7 cumes, onde é eleita a maior montanha de cada continente:
• Everest – Ásia – 8.850;
• Aconcágua – América – 6.962;
• Denali (Mount McKinley) – Alaska – 6.194;
• Kilimanjaro – África – 5.895;
• Elbrus – Europa – 5.642;
• Vinson– Antártica – 4.897;
• Carstensz Pyramid – Australasia - 4.884;
Apesar de estar há apenas 180 km de Mendoza e de ter uma invejável infra-estrutura de segurança e resgate, o Aconcágua é uma montanha muito desafiadora devido à sua posição geográfica (baixa latitude). O clima dos Andes é muito duro e acima dos 5.000 msnm a temperatura pode chegar facilmente abaixo de -20 ºC com ventos superiores a 130 Km/h. Isso explica o baixo índice de sucesso das expedições. Em média, apenas 30% dos montanhistas conseguem atingir o cume durante a temporada - dezembro a março.
Existem várias vias de acesso: normal, polacos, falsa polacos, face sul, etc. Sendo que a rota normal é a mais procurada, por se tratar de uma via de trekking e que não exige conhecimentos técnicos de escalada. Porém, justamente aí está o perigo, pois muitas pessoas subestimam a montanha e se expõem a riscos desnecessários.
Meu roteiro
Tudo começou em agosto de 2008 quando aceitei um convite para assistir a palestra do Rodrigo Raineri da Grade 6 sobre sua escalada no Everest. Aquelas imagens de montanha mexeram comigo e imediatamente comecei a buscar um destino para as minhas férias de final de ano. Após conversar com amigos e estudar bem as opções, minha decisão foi o Aconcágua e decidi fazê-lo com a própria Grade 6, baseado em recomendações e pelos 16 anos de experiência do Rodrigo na montanha.
Após uma série de problemas gerados pela crise econômica, conseguimos finalmente chegar a uma solução e o grupo foi composto por 9 pessoas, sendo 6 para o trekking até o campo base (Plaza de mulas) e 3 para a expedição (tentar o cume). A grande vantagem dessa união é que o próprio Rodrigo Raineri foi o guia do trekking e durante o trajeto nos dava dicas valiosas de segurança, hidratação, alimentação, etc. Para guiar a expedição tivemos uma excelente pessoa também: Pedro Bergamin. Uma pessoa muito calma, experiente em montanhismo e muito comprometido com segurança.
• Expedição até o cume: Eu, Adelino e Pedro (guia);
• Trekking até campo base (Carlão, Nanci, Laura, Mônica, Graziela e Rodrigo (guia);
A chegada do grupo em Mendoza foi no dia 26/12 e nos dedicamos a arrumar as mochilas, retirar a permissão de entrada no parque e comprar a alimentação para o trekking e dias de acampamentos avançado na montanha. Partimos à tarde para Penitentes onde dormimos na hosteria Ayelen a 2.800 msnm. Além de facilitar a logística de deslocamento a noite nesta altitude já serve para ajudar na aclimatação.
1º dia – 28/12/08 Trekking até Confluência – 3400 msnm
Aqui já começamos a aventura e após o café da manhã fomos levados até a portaria do Parque Provincial Aconcágua. Lá, foi feito o registro de cada integrante que recebe uma ficha que deverá mantê-la consigo para as devidas anotações médicas e controle de devolução de lixo e excrementos (para quem for tentar o cume).
A entrada do parque é linda e já mereceu muitas fotos, principalmente da laguna Horcones, com a bela vista do Aconcágua coberto de gelo ao fundo. A caminhada de 20 km até o primeiro acampamento, Confluência, foi bem tranqüila e levamos 4,5 h. Nossa instalação foi numa barraca comunitária com direito a cama de campanha para maior conforto. O jantar e café foram elaborados pela Eugênica, responsável pelo acampamento. A recomendação era beber muito líquido para facilitar a aclimatação. Portanto, suco e chá foram as bebidas mais consumidas.
2º dia – 29/12/08 - Trekking até Plaza Francia – 4200 msnm
Este dia é dedicado à aclimatação e para isso devemos subir algumas centenas de metros e retornar para dormir na mesma altitude. O programa foi uma aproximação a Plaza Francia para ver a incrível parede da face sul. O cume estava encoberto e não deu para ver em detalhes sua grandiosidade. Também tivemos uma mudança de tempo com um princípio de nevasca. Após retornar para Confluência fomos fazer o 1º exame médico. Eu apresentei bons resultados: pressão arterial 12:8, 99 bpm e oxigenação no sangue em 91%.
Aqui se tem a primeira vantagem da infra-estrutura do parque, caso você não esteja em condições os guarda-parques não liberam sua subida.
3º dia – 30/12/08 – Trekking até Plaza de mulas – 4370 msnm
Este dia é considerado o 2º mais difícil da expedição, pois se trata de um trekking de 24 km, onde se gasta em média 9 horas de caminhada saindo de 3.400 msnm e chegando a 4.370 msnm.
A paisagem é maravilhosa e de uma grandiosidade incrível nos fazendo sentir minúsculos diante da natureza. Após cerca de uma hora chega-se à Playa Ancha, onde a trilha se alarga muito, fazendo jus ao nome. Durante todo o trajeto cruza-se o rio Horcones (de degelo) várias vezes e a dificuldade nisso varia de ano a ano. No nosso caso as águas estavam baixas e não causaram transtornos. Para os pontos mais difíceis existem pontes. Neste trajeto também se cruza com dezenas de expedições e tropas de mulas que abastecem o acampamento e o hotel refúgio. Bem, só neste trajeto fiz dezenas de imagens.
Na chegada há duas opções: Cuesta Brava para quem vai ao acampamento e Cuesta Amarilla para quem vai para o hotel refúgio. Ambas têm uma inclinação bem forte em relação à trilha, mas o prazer de ver o destino próximo compensa o sacrifício. A costa Marija pode estar instransponível dependendo do volume do rio ou da espessura do glaciar.
4º dia – 31/12/08 - Descanso no Hotel refúgio Plaza de mula
Confortavelmente instalados no refúgio o dia seria dedicado à hidratação e descanso, ou seja, ficar o dia todo sentado em torno do aquecedor tomando chá e suco. Aproveitei o dia para fotografar o local e o glaciar em frente. À tarde aproveitamos para treinar a montagem da barraca North Face V25 e preparar a comida que seria transportada até Plaza Canadá no dia seguinte.
O refúgio é uma construção robusta em madeira e aço feita para resistir aos rigores do inverno do local. Considerando que está no meio do nada, oferece um excelente conforto como telefone público via satélite, acesso internet, banheiros, aquecedor, energia elétrica (gerador das 20 às 22h), ótimas refeições e o melhor de todos: um excelente atendimento por parte do proprietário (Eduardo Ibarra) e funcionários (Anita, Anabela, Ramon, Rodrigo...)
Como era noite de reveillon, tivemos ceia com direito a champanhe e tudo mais.
5º dia – 01/01/09 - Transporte para Plaza Canadá – 5050 msnm
Como parte do processo de aclimatação e para facilitar a logística dedicamos o dia para levar metade da comida que usaríamos nos acampamentos avançados até Plaza Canadá. Antes da subida passamos para a segunda inspeção médica e fomos aprovados. A subida até Canadá é bem acentuada e ali já adotamos o que se chama: passo da montanha. Ou seja, passos bem curtos, lentos e constantes.
A comida foi acomodada em um saco plástico e deixada “escondida” entre algumas pedras. A descida é bem mais tranqüila e em pouco tempo estávamos de volta ao refúgio para a nossa rotina: tomar chá à beira do aquecedor.
6º dia – 02/01/09 – Descanso no refúgio
O dia foi dedicado a descanso e hidratação. Para quebrar o tédio fui conhecer em detalhes o acampamento Plaza de mulas e ver como é a vida por lá. Fiz várias fotos e alguns clipes de sua rotina. Interessantíssimo ver o movimento por lá com suas barracas restaurantes, telefone via satélite e até acesso internet. A parte cômica do dia foi tirar fotos com os guarda-parques que insistiam em dizer que me parecia com seu chefe.
A tarde foi dedicada para teste dos fogareiros e arrumação da mochila para o dia seguinte.
7º dia – 03/01/09 – Transporte até Nido de Condores – 5550 msnm
O dia foi bastante duro, pois partimos às 9h sob um frio de 0 ºC, com a segunda parte da comida na mochila. Passamos por Plaza Canadá onde pegamos parte da comida que lá estava. A partir de Canadá a subida ficou mais difícil e cansativa, mas com o aparecimento do sol a temperatura já estava em 8 ºC. Chegamos a Nido às 14:20h e deixamos toda a comida num saco plástico ao lado do trailer dos guarda-parques. Voltamos rápido, pois o tempo já estava virando e a previsão não era muito boa para a tarde. Mesmo assim, ainda havia muita gente subindo.
Ao final da tarde retornamos à nossa rotina ao redor do aquecedor, tomando chá e conversando com as pessoas de outras expedições sobre a logística a ser utilizada no ataque ao cume.
8º dia – 04/01/09 – Descanso no refúgio
Esse foi o primeiro dia de descanso antes da subida final para os acampamentos avançados. Para aproveitar o tempo fomos testar os crampons no glaciar em frente ao refúgio. Aproveitei para gravar alguns vídeos e fotografar a aula. Neste dia conversamos muito com um grupo de Campinas formados pelo Paulinho, Décio, Casella, Eduardo, Juarez e Adriano e começamos a discutir a logística nos acampamentos avançados.
Hoje tivemos uma notícia muito triste: um alpinista alemão havia morrido na via Polacos após uma queda.
9º dia – 05/01/09 – Descanso no refúgio
Este foi mais um dia de descanso e nos despedimos de nossos amigos de Campinas que já partiram para Nido de Condores. Aproveitamos a tarde para desmontar nossa barraca e arrumar a mochila para o dia seguinte. A temperatura caiu bastante e só nos restou ficar ao lado do aquecedor se hidratando. Por volta das 19h caiu uma nevasca que deixou tudo branco. Não resisti e fui gravar um clipe informativo lá fora.
10º dia – 06/01/09 – Subida para Nido de Condores – 5500 msnm
Hoje o dia foi bem duro. Quando pesei minha mochila com 19kg sem água, não acreditei. Com um rearranjo consegui eliminar 2kg e transferir 2kg para nosso carregador Facundo (mediante 20 US$ adicionais) e acabei ficando com 17kg incluindo água.
O dia estava bem frio e partimos às 9h com 0 ºC. No início da subida com o surgimento do sol a temperatura subiu para 8 ºC, mas ainda estava muito difícil progredir devido ao peso. Só chegamos às 16:15h e sob uma terrível nevasca. Facundo, chegou pouco antes de nós e nos ajudou a montar a barraca rapidamente. Pegamos a comida, enchemos um saco de neve e fomos muito rápido para a barraca fazer água e preparar um chá e sopa para nos aquecer. No resto da tarde e início da noite tivemos uma terrível tempestade com fortes raios e trovões. O barulho da neve na barraca mais parecida chuva de granizo. Para piorar a situação acabei furando meu isolante therma-rest e a noite não foi das melhores.
Para aumentar nossa preocupação ouvíamos pelo rádio os guarda-parques falando em resgate na montanha. A informação não estava clara, mas havia um grupo de pessoas perdidas.
11º dia – 07/01/09 – Descanso em Nido de Condores
Hoje o dia foi dedicado para descanso, hidratação e aclimatação. Apesar de termos acordado 7:30h não deu para sair da barraca antes das 9:30h, hora que o sol nos atingia e aquecia um pouco. O acampamento estava completamente branco pela nevasca do dia anterior e aos poucos todos iam saindo das barracas para se aquecer e começar o dia.
O helicóptero não parava de ir e vir e nossa preocupação só aumentava, pois algo muito grave estava acontecendo. Isso se confirmou quando tentamos contratar um carregador para Berlin e fomos informados que todos estavam alocados no resgate.
À tarde encontramos nossos amigos de Campinas que agora estavam só em três: Paulinho, Décio e Eduardo. Pois o Casella, Juarez e Adriano haviam retornado. Junto com eles estava o Guilherme do Rio e desta forma, decidimos unir forças formando um grupo de 7 pessoas para o ataque ao cume.
12º dia – 08/01/09 – Subida para Berlim – 5930 msnm
Acordamos tranqüilos e quando o sol já estava quente desmontamos a barraca, fizemos um almoço rápido e partimos às 12:30 h. Porém, após uma hora de caminhada o tempo virou novamente e veio outra nevasca. Ao chegar em Berlim tudo estava coberto de gelo e continuava nevando e ventando forte, dificultando a montagem da barraca.
Tivemos que acampar sobre o gelo e proteger bem o fundo da barraca com os isolantes para garantir uma boa noite de sono. Pelo menos já tinha conseguido consertar meu isolante que havia furado. Usamos a mesma técnica do dia anterior, entrando rapidamente na barraca já com o saco de neve para fazer água e se aquecer.
Nessa tarde encontramos com o Eduardo Ibarra (proprietário do refúgio), que havia subido para ajudar no resgate. Aí conseguimos a informação de um grupo de italianos que havia se perdido no retorno do cume. Continuamos ouvindo pelo rádio o drama dos guardas no resgate deles. Ficamos impressionados de ver a solidariedade dos guardas, carregadores e do Eduardo na mobilização para salvar os italianos.
13º dia – 09/01/09 – Descanso em Berlim
Acordamos tranqüilos e só deu para sair da barraca após as 10h quando o sol já havia aquecido o ambiente. A neve estava alta lá fora e aproveitei para explorar os arredores enquanto derretíamos gelo para fazer água. Nesta tarde a italiana foi resgatada e passou pelo acampamento sendo socorrida pelos guarda-parques. Essa situação toda mexeu muito com a gente e todos nós ficamos muito apreensivos sobre a situação na montanha.
14º dia – 10/01/09 – Cume – 6962 msnm
Acordamos às 3h e começamos os preparativos: fazer água, preparar chá e se vestir. Como estávamos em 3 na barraca ficou difícil se mover e não podíamos correr o risco de esquecer nada. A temperatura dentro da barraca era de -10 ºC, muito bom para um dia de cume. Já com o mínimo de roupa saímos da barraca para completar a vestimenta: colocar os crampons, cobre-luvas, polainas, etc. Até pensei em fazer algumas fotos, mas a situação e as luvas não permitiam.
Finalmente às 4:30 h os 7 estavam prontos (Eu, Pedro, Adelino, Paulinho, Edu, Décio e Guilherme) e partimos em direção ao nosso objetivo. No caminho foi possível ver o acampamento cólera, de onde mais pessoas estavam se preparando para sair. A lua estava cheia e iluminava todo nosso caminho, quase que dispensando o head lamp. De início, até senti calor, mas próximo do amanhecer a temperatura caiu um pouco mais.
Quando a lua começou a se pôr avermelhada no horizonte o sol já surgia do outro lado proporcionando um show sem igual para um dia tão especial. Neste momento, eu, Pedro e Adelino já estávamos chegando à Independência – 6.400 msnm. O restante do grupo vinha mais lentamente e acabamos nos distanciando.
Neste ponto, o Adelino decidiu retornar, pois estava em seu limite físico. Eu também estava exausto, mas tinha que seguir adiante e a partir deste ponto segui usando o psicológico para impulsionar o corpo, pois o desgaste era enorme.
Quando entramos no “gran acarreo” um forte vento jogava neve no rosto, aumentando ainda mais a dificuldade. Os poucos passos eram dados entre intervalos enormes para descanso. O Pedro caminhava à frente e eu me esforçava muito para manter o ritmo.
Durante pequenas pausas, eu descansava o corpo sobre os bastões e ao fechar os olhos, automaticamente entrava num estado de sonolência e delírio que duravam alguns segundos. Era uma mistura de realidade, sonho e até mesmo delírio. Interessante saber que este fato também foi reportado por vários membros do grupo.
Algumas horas mais de subida e paramos para descansar, comer e se hidratar na “cueva”, uma parede de rocha que forma um pequeno abrigo. O que viria a seguir é um dos pontos mais temidos da ascensão: a “canaleta”. Um trecho bem íngreme e no nosso caso com o agravante de cerca de 30 cm de neve. Nossa sorte é que havia um chileno na nossa frente que ia abrindo o caminho.
Como ele estava bem adiantado fez o cume e já voltava quando nos deu a péssima notícia que havia um corpo no cume. Mais tarde fomos saber que se tratava de um inglês que havia sofrido um ataque cardíaco logo após atingir o cume e seu corpo aguardava o resgate de helicóptero, quando o tempo permitisse. Isto definitivamente nos abalou muito.
Finalmente, às 12:52 h, após oito horas e meia de caminhada eu e o Pedro chegamos ao topo das Américas: o cume do Monte Aconcágua. A princípio estava tão exausto que não conseguia raciocinar e priorizar o que fazer. Quando caímos na real, nos abraçamos, choramos, e nos parabenizamos pelo grande feito.
Estávamos apenas os dois no cume, pois nossos companheiros vinham mais lentamente, e tivemos dificuldades para fazer fotos juntos. Fizemos dois vídeos bem emocionados para registrar nossos agradecimentos pela conquista e já mais descansados fiz uma bateria de fotos da cordilheira, da cruz no cume, da face sul e nossas, individualmente.
Mantendo o bom senso, ficamos cerca de 30 min e começamos a longa e cansativa descida. No caminho encontramos nossos amigos, além de muitas pessoas em seus passos lentos. Em cerca de duas horas já estávamos no conforto de nossa barraca novamente com uma enorme sensação de dever cumprido. Passamos o resto do dia descansando e esperando nossos companheiros que finalmente chegaram ao final da tarde.
15º dia – 11/01/09 – Retorno ao refúgio
Para minha surpresa, este foi um dia extremamente duro, pois tivemos que descer com a carga total: barraca, lixo, saco de caca, comida, benzina e tudo mais. Minha mochila estava com 22 kg e o trajeto foi bem longo. Após várias e longas horas finalmente chegamos a Plaza de mulas, onde o Pedro, que caminhava na frente, nos fez uma surpresa pagando 15 US$ por uma Sprite de 1,5 litro. Foi o refrigerante mais caro e saboroso que tomei na vida.
Passamos pelos guarda-parques entregamos a caca e carimbamos a permissão. Mais 30 min de caminhada e finalmente chegamos ao aconchegante refúgio. Após um bom banho fizemos uma refeição quentinha e passamos o resto da tarde descansando e contando histórias ao redor do aquecedor.
À noite, após o jantar tivemos a clássica celebração com champanhe e vinho. O Pedro também mostrou seus dotes artísticos e ficamos até tarde cantando ao som de um violão.
16º dia – 12/01/09 – Retorno para Horcones
Acordamos tranqüilos, arrumamos a mochila de ataque, que iria conosco, e a marinheira com toda a tralha que iria de mula. Partimos às 11:15h para percorrer os 35 km até Horcones, portaria do parque. Apesar de ser descida e estarmos leves o trajeto é bem cansativo. Mas como estávamos todos juntos, a descida foi muito prazerosa e passou rápido. Não pude deixar de fazer novas fotos neste trecho que tem paisagens surreais. Incrível o número de expedições que desciam e subiam, além das diversas tropas de mulas que passavam por nós.
Na portaria, demos baixa na permissão e tão logo as mulas chegaram fomos de van para Mendoza comemorar com um bom bife de chorizo e muita cerveja.
Conclusão
Apesar de todo esforço e cansaço, a viagem foi simplesmente maravilhosa e me senti extremamente feliz com o resultado. Conseguir chegar ao cume na primeira tentativa foi muito gratificante e mostra que fizemos bem nossa parte: treino, preparativos, aclimatação, logística, bom senso, hidratação e alimentação. Sem dúvida alguma, Deus através da natureza, fez sua parte nos dando um dia perfeito para o cume.
Dicas
• O Aconcágua é muito perigoso e jamais deve ser subestimado. Apesar da rota normal ser um trekking de altitude merece toda atenção na logística de aclimatação, hidratação e segurança;
• Na semana que estiva lá, 4 pessoas morreram sendo que duas muito provavelmente padeceram por desrespeitar as normas de segurança chegando ao cume muito tarde sendo pegas por uma tempestade;
• Também presenciei o resgate de um montanhista com os olhos vendados. Provavelmente por problemas com falta/perda dos óculos;
• Caso não seja montanhista muito experiente a contratação de um guia ou empresa de suporte é fundamental;
• Cuidado com auto medicação. Em grandes altitudes os efeitos dos remédios se alteram;
• Muita atenção com roupas e equipamentos, qualquer falha ou sub dimensionamento pode trazer sérias conseqüências;
• Fazendo tudo certinho a montanha certamente será uma fonte de prazeres e conquistas;
• Uma frase que ouvi na montanha e adorei: O cume é nossa casa;
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