REVISTA AVENTURA & AÇÃO
Estudo de caso, revista Aventura&Ação #154
 
 
Publicado em 05/11/2008 - 16h34 - O editor
edição 154 - Novembro / Dezembro de 2009
 
 
 
  Capa da edição 154 - Novembro / Dezembro
Foto: André Dib
   

Para os amantes da fotografia vamos deixar aqui uma dica sobre a regra dos terços, que você aprenderá nesse estudo de caso sobre a capa da revista Aventura&Ação, edição 154 que estará nas bancas a partir da semana que vem.

Em primeiro lugar vamos apresentar o autor da fotografia, que é o colaborador do portal Extremos e conhecido dos nossos internautas, o fotógrafo André Dib, que tem uma vasta experiência como fotógrafo de aventura e natureza, já tendo feito diversas capas, matérias, expedições e algumas exposições.

Não conversamos ainda com o André Dib sobre essa foto, por isso esse é um estudo baseado em nossa experiência e vivência em 12 anos de fotografia profissional.

Para a maioria das pessoas essa paisagem passaria despercebida, mas para o André foi a oportunidade de tentar fazer uma capa. Um fotógrafo de aventura e natureza, que está produzindo uma matéria, tem que produzir fotos para abertura de matéria, fotos das atrações, hospedagens, personagens típicos da região, flora, fauna, entre outras coisas, e tem que estar sempre atendo para conseguir umas 3 fotos que podem vir a ser a capa, pois normalmente umas quatro matérias concorrem para ser a capa da revista. Então a competição é grande, você tem que garantir uma boa foto para competir com outras matérias.

A REGRA DOS TERÇOS

Por trás dessa bela imagem, além da inspiração e percepção de uma boa cena, o André Dib contou com uma famosa regra que utilizamos. A regra dos terços. Divida a imagem que você está vendo no visor de sua máquina em três, como fizemos na foto ao lado, mas no momento da foto você fará isso mentalmente, sendo que hoje em dia existem máquinas que já tem essa divisão. O importante é evitar de centralizar uma pessoa na foto, ou centralizar o horizonte na foto, pois essa seria uma das piores opções, não dá um equilíbrio em composição a foto. O ideal é que os principais assuntos estejam cortando ou bem próximos de uma das linhas do terço.
Em primeiro lugar, veja que o assunto predominante nesta cena é a paisagem da montanha e a mulher, como o céu aqui é o menos importante, ele ficou com a menor parte do terço, ficou com 1/3, e o assunto principal ficou com 2/3. Então aqui vimos como enquadrar o horizonte.
Agora veja que a mulher não está no centro da imagem, o que seria errado. Ela está novamente em um outro terço. E porque foi escolhido ela esta neste terço da esquerda, e não no da direita? Simplesmente porque devemos fazer com que o leitor veja para onde a personagem está olhando, o que ela está admirando. Então parece que estamos admirando a mesma paisagem que ela. Coloca-se a personagem em um terço e o outro assunto (no segundo plano) nos outros dois terços, que poderia ser o Cristo Redentor, uma montanha nevada, ou como aqui, uma paisagem que mostra uma linha de afloramentos de rochas e montanhas.

Pela luz do sol que está alaranjada, nota-se isso na pele da personagem e pela cor do mato e das pedras, além da posição da sombra da personagem, podemos dizer que essa foto foi tirada provavelmente as 17h, ou um pouco mais. O amanhecer e o entardecer é o momento ideal para se fotografar, pois tem uma luz mais natural e quente e deixa a foto mais agradável do que uma foto de luz chapada e branca do meio-dia.
Outra dica, coloque sempre um personagem em sua foto, pois além de humanizar mais a cena, ajuda também as pessoas a perceberem a proporção do lugar.
De preferência o personagem não deve olhar para o fotógrafo, assim fica mais natural e não uma foto de turista.

Essa regra dos terços vale também para fotos na horizontal.


APLICANDO A REGRA NA CAPA

Agora iremos falar sobre a experiência do fotógrafo para fazer a capa, onde uma boa foto não basta.

No momento de realizar essa foto, o André Dib sabia que era preciso deixar um espaço limpo no topo da foto, exatamente para colocar o logotipo da revista. Veja que o céu foi perfeito para isso. Ele também sabia que tinha que ter espaço para fazer chamada das outras matérias e um espaço para o titulo da matéria principal, o que estamos dizendo é um espaço não poluído com imagens, algo onde fosse possível colocar a chamada das matéria e não estragasse a foto e nem prejudicasse a leitura das chamadas. Veja que ficou perfeito isso.
Outra questão para a capa e se você olhar em outras revistas em uma banca notará que 99% das capas o personagem ou modelo olha de frente para o fotógrafo ou virado para a direita. Esse é um padrão estético que ficou estabelecido respeitando o modo como você folheia a revista, sempre olhando para a direita ou pegando a folha do lado direito. Fica mais agradável e natural assim.
Lógico que todas essas regras podem ser quebradas, mas isso só se deve fazer quando um fotógrafo tem uma vasta experiência, onde ele sentirá até onde pode ir, ou o que pode fazer de diferente para ainda assim ter um ótimo resultado.

Fomos questionados se a personagem estaria ou não apelativa, por estar aparecendo com a parte de cima do biquini. Bom, essa foi uma opção do André Dib, vale lembrar que ele já fez dezenas de fotos para a revista e algumas capas, por isso nessa foto acredito que ele somente quis ousar um pouco mais, sair da mesmice. E além de tudo essa é uma situação que realmente você pode encontrar fazendo trilhas pelo Brasil, por ser um país tropical, ainda mais nessa região da Serra da Canastra que tem lindas cachoeiras.
Não é necessário colocar uma modelo de biquini na capa para chamar atenção da foto, foi apenas uma ousadia ou uma provocação do fotógrafo.

COMENTÁRIO DE ANDRÉ DIB
Em síntese é isso aí mesmo pessoal, gostei da análise que vocês fizeram sobre a minha foto. É claro que eu não me pego muito a regras hoje em dia, a foto vem no visor, rola aquela sensação boa. Sabemos quando a foto será realmente interessante. De qualquer maneira aprendi a fotografar com algumas regras, e acho que elas são usadas instintivamente, apesar de adorar quebrá-las.
A modelo é a minha esposa, e quando fiz a foto não pensei em capa, só peguei ela a vontade, naquele calor da Canastra.

PARTICIPE, DEIXE SEU COMENTÁRIO.