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7 CUMES INVERNAL ROMAN ROMANCINI
 
Elbrus Invernal
A TERCEIRA MONTANHA NO PROJETO DOS 7 CUMES INVERNAL DE ROMAN ROMANCINI
 
 
 

11.02.2015 - 15:17

Chegamos são e salvos

  Roberta Abdanur  

Acabamos de chegar exaustos. Fizemos cume em condições invernais. Foram 18 horas de escalada com ventos incessantes e com temperatura chegando a -50ºC.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11.02.2015 - 00:45

Ataque ao cume

  Elias Luiz  

Roman e Bernardo já passaram por Diesel Hut e já estão se aproximando das Rochas Pastukhov. Estão por volta dos 4.600m, com vento de no máximo 30 km/h e uma temperatura de -28ºC. É bem provável que no cume eles peguem -42ºC.

• 11.02.2016 - 01:33 - Estão passando neste momento nas Rochas Pastukhov, a 4.700m. A mesma altitude que estiveram dois dias atrás, durante o ciclo de aclimatação.

• 11.02.2016 - 03:30 - A região do Elbrus está cinco horas a mais que aqui em São Paulo, lá agora são 8:30. Roman e Bernardo continuam subindo, agora com ajuda do calor do sol da manhã. Já romperam a barreira dos 5.000 metros.

• 11.02.2016 - 09:36 - Éééééé cuuuummmeee!!! Roman Romancini e Bernardo Fonseca chegaram ao cume do Elbrus.

• 11.02.2016 - 13:45 - Roman Romancini e Bernardo Fonseca continuam descendo, acabaram de passar pelas Rochas Pastukhov, e já devem estar a 4.600m. Falta mais uma ou duas horas de descida até os Barrels.

 

 

 

 

 
  Roberta Abdanur  

10.02.2015 - 23:00

Ataque ao cume

Colocando os equipamentos para partir.
– Vento Sinistro lá fora!
– Deu medo!
– Beijos para todos!!!

 

 

 

10.02.2015 - 16:00

Perestroika, Barrels e Sunset Boulevard

  Roberta Abdanur  

Acordamos na pilha de subir logo. Tudo arrumado, partimos com mochilas, duffles, caixas e sacos suficientes para ficarmos até conseguir o cume e voltar em segurança. Muita discussão sobre as nuances das previsões meteorológicas, principalmente sobre os ventos, que já estão no limite do aceitável. No fim manteremos o plano original.

Já na estação, competindo com os snowboarders e skiers, conseguimos embarcar a tralha toda em um bondinho que nos levaria até 3400m para depois pegar uma carona em um ratrack, aqueles tratores que fazem as pistas de ski, até nosso acampamento, os famosos Barrels, contêineres que mais parecem aqueles reservatórios enterrados de gasolina nos postos, nossa morada pelos próximos vários dias.

Devidamente instalados e almoçados, partimos para uma subida de aclimatação e treinos até quase 5000m, já encordados, com crampom e piquetas . Importante desenferrujar as técnicas de auto resgate e caminhadas em glaciares. As condições da neve estão boas, entretanto, o gelo está bem duro, um tipo chamado de blue ice, um verdadeiro concreto. No verão, os alpinistas, em sua grande maioria, utilizam rastracks até aproximadamente 5000m, de onde partem para o cume. No inverno, a pista deixada por estes tratores fica completamente petrificada em forma de blue ice, um verdadeiro tobogã fatal. Foi bom treinarmos e ajustarmos os detalhes entre nós como ritmo, pisada, equipamentos, vestimentas e posicionamentos de emergência. Foi o dia para cometer e consertar os erros. A última vez que utilizei parafusos de gelo havia sido no Ama Dablam em 2008, logo no primeiro, quando estava retirando-o, deixei o bendito cair o vi escorregando ladeira abaixo. Um detalhe simples que havia esquecido: segurar com a outra mão no final dos extenuantes movimentos de manivela para retirá-lo do gelo. Nem imagino a frustração que seria lembrar disso no meio da gélida madrugada durante o ataque ao cume.

Yuri, com um tom saudosista nos contava as histórias sobre as ruínas de refúgios. A época de ouro do alpinismo russo se deu nos anos 70 e 80 quando a extinta união soviética investia pesado neste esporte e infraestrutura como bandeira nacionalista. Super-humanos conquistavam montanhas até então "inescaláveis", por rotas e paredes impensáveis, em condições inimagináveis. Com a Perestroika, a abertura política e desmembramento da União Soviética, o fluxo de investimentos migrou para questões mais elementares e, aos poucos, toda a infraestrutura montada foi se deteriorando. Não sei como é o Elbrus no verão, mas a julgar pelas ruínas aparentes no inverno, deve parecer um cemitério estruturas metálicas retorcidas, cabos, torres e refúgios abandonados, que para nossa sorte, estão cobertos pela beleza branca da neve invernal.

Na descida, a visão mais espetacular da região. Uma gratificante recompensa pelo frio e esforço. Um pôr-do-sol impressionante. Talvez o mais belo que já vi. Era possível ver toda a cordilheira do Caucasus e seus 7 picos acima dos 5000m. Uma infinidade de sombras, formatos, arestas, montanhas e vales. Todos os tipos de neves, gelos, pedras e paredes. 50 tons de cinza, outros 50 de branco e 64M de cores no céu. Uma pintura singular a -20oC.

Não havia nome mais apropriado para a "pista" de blue ice que Sunset Bulevard...

 

09.02.2015 - 11:00

Chegaram nos Barrels

Roman Romancini e Bernardo Fonseca estão no C1 a 3.800m, nos famosos Barrels. Veja o vídeo e as fotos.


 

08.02.2015 - 23:55

Snow Leopards

  Roberta Abdanur  

O dia amanheceu espetacular! Inacreditavelmente limpo, calmo e "quente". Pulamos da cama (como é bom dormir em camas!), comemos e partimos o mais rápido possível. Para a nossa surpresa, ao chegarmos na estação de esqui, tudo estava cercado de militares e isolado do público, lifts fechados e sem a menor possibilidade de subir caminhando, como havíamos planejado. Depois de alguns minutos de um diálogo tenso, que não entendemos literalmente nenhuma palavra, decidimos seguir para o Pico Cheget (3780m), outra estação de esqui bem em frente, já bem próximo da fronteira. Algo com a manutenção para uma competição de esqui e manobras militares fecharam a montanha hoje.

Começamos a caminhada desde o estacionamento (2100m) e, logo aos 5 minutos, paramos para começar o "striptease". Bernardo cantarolava "põe casaco, tira casaco, põe casaco, tira casaco". Com a neve em condições ideais de caminhada, nem "icy" nem muito fofa, achamos o ritmo e subimos constantemente até uns 3300m em algumas horas e ao som das risadas dos esquiadores, provavelmente se perguntando: "por que esses idiotas não usam os lifts?"

A situação era realmente meio ridícula para quem nada sabe da expedição. Em plena estação de esqui, cheia de lifts, sob um sol digno do carnaval carioca, três indivíduos, suando em bicas e fritando com o reflexo na neve, subindo em zigue-zague , por horas a fio, encostas íngremes de neve fofa logo abaixo dos teleféricos que levavam ao mesmo destino.

Subimos até onde o famoso jeitinho brasileiro nos levou. Cheget é a última montanha russa antes da fronteira com a Geórgia e muito militarizada. Paramos quando Yuri perdeu sua paciência caucasiana com a nossa insistência em "subir só mais um pouquinho". Comemos alguns snacks, tiramos fotos e descemos, já com o sol querendo se esconder atrás da cordilheira. Foram gélidos 30 minutos de lifts montanha abaixo, incluindo uma longa parada no melhor estilo montanha russa, daquelas dos parques de diversão, e é claro, quando já estávamos na sombra, só para esfriar os ânimos, literalmente. Mas o melhor estava por vir, durante o almoço, com as histórias do maestro Nikolay.

Na extinta União Soviética, a mais alta honraria do montanhismo soviético, o Troféu Snow Leopard, era concedida à elite de montanhistas que escalavam os 5 gigantes da Ásia Central acima de 7000m pertencentes ao território soviético. Até os dias atuais, apenas 552 troféus foram entregues. Nik, emocionado e com lágrimas nos olhos, nos contou os episódios de suas escaladas nestes colossos, seus amigos perdidos e as "inusitadas" situações de um verdadeiro clássico da literatura montanhesa, incluindo a fatídica vez que fez com que ele não pudesse atingir, pela segunda tentativa, o santo Graal do alpinismo russo.

Estamos diante de um verdadeiro Snow Leopard, não daqueles coroados, mas daquele que abriu mão da glória por uma vida humana, o tipo verdadeiro de montanhista... THE FELLOWSHIP OF THE ROPE!!

Chegou a nossa vez. Amanhã partiremos. Iremos a 4700m, voltaremos para dormir no Campo 1 a 3800, descansaremos na quarta e às 00:00 de quinta partiremos para o cume. Serão aproximadamente 11h a 12h de subida e outras 5 a 6 descendo até C1 novamente. A previsão é boa, com ventos moderados e temperaturas na casa dos -45ºC. Nossa janela de bom tempo está quase no fim.

Hora de dormir... Que bons ventos (fracos de preferência) nos acompanhem.

LOVE THE LIFE YOU LIVE,
LIVE THE LIFE YOU LOVE!

     
 

07.02.2015 - 23:15

Aclimatação

  Roberta Abdanur  

Como sempre, o Jet Lag de quem vem do Oeste atrapalha as primeiras noites de sono. São apenas cinco horas de diferença, mas já é o suficiente para passarmos a noite tentando dormir em vão. Amanheceu como um típico dia de inverno russo, com o vale coberto em uma espessa névoa e muita, muita neve. Com as mochilas prontas e bem alimentados, partimos para o segundo dia do ciclo de aclimatação. Inicialmente iríamos até os Barrels (3780m) mas ao chegarmos no fim dos lifts, acima das nuvens, a montanha se abriu e nos revelou um impressionante dia, com temperaturas "agradáveis" (-10 a -15oC), sem vento ou nuvens. Lá estavam, de um lado, o colosso Elbrus com seus 2 cumes e, do outro, a majestosa cordilheira do Cáucasus, fronteira entre a Europa e Ásia. É tentador olhar o cume "logo ali" em um dia perfeito e não ir. Engana-se quem cai na tentação, muitas vezes fatal. Summit day aclimatado é um dia de 15 horas saindo de 3800m, 11 horas subindo.

Entre snowboarders, skiers e snow mobiles, subimos pouco acima dos 4.000m, apreciamos a paisagem e descemos para um típico almoço russo regado de Wi-Fi e conectividade com o mundo.

Durante o almoço discutimos os planos para os próximos dias e trocamos estórias, histórias e experiências. Nossa expedição é formada por 5 membros, Nikolay Shrustov, um veterano do montanhismo russo com mais de 40 anos de experiência, Yuri Pavlov um alpinista local com mais de 230 ascensões bem sucedidas ao Elbrus, Gallina, a cozinheira e metereologista, Bernardo e eu.

Ascensões invernais não são tão comuns assim, mesmo com tanta bagagem na mochila, Yuri e Nikolay só fizeram uma única vez. Como diz meu camarada Zillermano, "VIVA A VIDA EXTRAORDINÁRIA!"

Amanhã tem mais...

     
 

06.02.2015 - 22:20

Village Baydaievo - Hotel Elba. Vale Baksan. Narsan meadow.

  Roberta Abdanur  

Em Moscou, depois da típica bagunça na imigração e últimos arranjos para melhorar a comunicação com o mundo, comemos um rápido sanduíche para logo buscarmos o portão de embarque. Estranhamente não era preciso retirar a bagagem e reembarcá-la. Só nos restava torcer para que as 4 duffle bags chegassem direto ao destino e preferencialmente junto conosco. Poucos minutos antes de embarcarmos encontramos Nikolay, nosso agente local. Um senhor sorridente e simpático com interessantes histórias sobre o alpinismo russo. Após 2 dias viajando em 3 longos voos, horas e mais horas de conexões e uma também longa estrada vale acima chegamos à pousada Elba, nosso campo base (2100m), quase na fronteira com a Geórgia, no pitoresco vale Baksan, cujo vilarejo Baydaievo leva o nome da família que vive aqui por séculos.

Nik pergunta: "vocês querem dormir ou preferem sair para uma pequena caminha?". Mesmo sem dormir há 2 dias não houve dúvida, em coro "vamos nessa!". Partimos logo e entre fontes de água mineral e vilarejos completamente cobertos de neve, seguimos uma trilha morro acima até uma cascatas de gelo, já pensando no uso das piquetas técnicas para os próximos dias. Andar na neve sem crampom é um verdadeiro ensaio de um filme de comédia. Entre movimentos desajeitados, escorregões e tombos, sobrevivemos (com alguns hematomas) para voltar a tempo de um bom banho, finalmente... Hora de jantar e dormir... Amanhã subiremos até os Barrels (campo 1, 3750m). E é bom nem falar sobre o tempo, para não estragar a janela de sorte...

     
 

05.02.2015 - 02:42

Carnaval on ice

  Roberta Abdanur  

Uma das características mais marcantes de alguns viajantes é a eterna inquietude de querer sempre partir. Não que não amamos nossos portos seguros, mas a saga pela exploração pulsa forte. Nessa tônica, partimos, eu e Bernardo, mais uma vez para mais um dos 7 summits versão invernal. Desta vez Rússia, Elbrus, o carnaval mais frio que jamais imaginamos.

Diferentemente do Kilimanjaro, a ideia é seguir uma escalada tradicional com seus ciclos de aclimatação. Temperaturas chegam aos míseros -56 celsius é nosso plano é achar uma boa janela de cume com temperaturas mais aceitáveis, se é que isso seja possível em pleno inverno russo.

Elbrus fica no sudoeste na Rússia na fronteira com a Georgia, a 43º N, elmo Caucasus, entre o mar Negro e o mar Cáspio. Uma região em pé de guerra desde o desmembramento da União Soviética, uma verdadeira crise de identidade.

Neste momento estamos em Amsterdã, em conexão para Moscou e depois Mineralnye Vody. Amsterdã é uma das cidades mais malucas que conheci. Um boa pra-aclimatação, saindo do verão carioca.

Roman Romancini
Projeto 7 Cumes Invernal

Roman Romancini e Bernardo Fonseca em Amsterdã.  
Moscou. Do avião já dava para ver o que vem pela frente. Tudo branco. Tudo nevado. Mais uma conexão e mais um voo de algumas horas até Mineralnye Vody. Somando-se todas as horas de voo e conexões, gasta-se mais tempo para ir ao Elbrus que à Katmandu.
 
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