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O plano de Alex Honnold não era segredo. Tudo que sabíamos é que desde o início a sua meta era fazer a escalada solo do El Capitan, nós apenas não sabíamos quando isso iria se tornar realidade.
Às 9h28, sábado, 3 de junho, 2017, Alex Honnold concluia a escalada solo do El Capitan, se tornando a primeira pessoa a fazê-la. Sua ascensão dos 914 metros do monólito de Yosemite pela via Freerider (5.13a) levou apenas 3 horas 56 minutos. A conquista na verdade demorou dez ano para ser concretizada. Envolveu milhares de horas de escaladas solos em vias mais fáceis ao redor do mundo. Milhares de horas de treinamento e sempre aumentando os limites e os desafios da escalada. Incontáveis horas de visualização e mentalização de como poderia ser na verdade, a escalada do El Capitan com nada mais do que um par de sapatilhas e um saco de giz. Sem o uso de cordas ou qualquer outro tipo de equipamento de segurança.
Para muitos escaladores, especialmente os amigos mais íntimos de Honnold, a notícia de sua audaciosa façanha era como um suspiro de alívio por ele ter sobrevivido ao desafio da sua vida. A questão agora era se a escalada de Honnold poderia ser considerada a maior conquista do esporte?
A resposta, provavelmente, é sim. Embora limitada e demasiadamente restritiva. Primeiro, é difícil até mesmo chamar a escalada solo um "esporte". Não existe outro esporte em que a penalidade para o mais modesto dos erros seja a morte certa.
Olhando agora em retrospectiva, a progressão das escaladas solos de Honnold, faz parecer que tudo foi premeditado de uma forma genial. Em 2007, um garoto tímido de Sacramento (EUA), com seu rosto sempre parcialmente encoberto por um capuz, estourou na cena da escalada mundial, repetindo o maior feito da escalada solo da década de 1980: a via Astroman and Rostrum de Peter Croft. Em 2008, Honnold escalou solo a via Moonlight Buttress em Zion National Park, um feito que por si só já definia o seu legado como o maior solista de todos os tempos. Mais tarde naquele ano, ele escalou solo o Half Dome. Em seguida, escalou a via Sendero Luminoso em El Potrero.
Cada uma destas ascensões foi um marco. O que é mais incrível é que tudo pareceu uma sequência para chegar finalmente a escalada solo do El Capitan.
“Para mim, escalada solo é mais sobre preparação.”
- escreveu Honnold em seu livro Alone on the Wall
A idéia da escalada solo dos 914 metros do El Capitan já tinha passado pela cabeça de diversos escaladores enquanto descansavam e fumavam maconha no prado de Yosemite, paralisados olhando o monstro de granito elevando-se sobre eles. Para a maioria era apenas uma fantasia ou apenas uma boa piada. Para Alex Honnold, era um projeto sério a ser resolvido.
 Honnold na parte superior do Monster |
 Honnold em mais uma rampa |
 Acima do Monster, e descansando na rocha |
 Honnold acima do campo ElCap Spire |
 Honnold em mais um trecho complicado |
 Equipe da National Geographic registrando tudo |
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Para a maioria essa era uma escalada insegura e impossível de ser realizada. O mais provável é que Honnold tenha identificado os pontos críticos e tenha trabalho neles, e principalmente no fator primordial, a confiança.
Uma maneira de medir a grandeza de qualquer conquista esportiva pode ser de quanto tempo leva para o recorde ser batido novamente. Novos recordes mundiais são batidos em praticamente todos os Jogos Olímpicos. A cada ano surge um novo nome na cena esportiva e bate o recorde anterior. O tamanho da façanha de Honnold poderá ser medidoa desta forma, pois é provável que dure décadas.
Outro ponto que temos que salientar nesta análise é o comentário que o montanhista português, João Garcia, o 10º homem a escalar as 14 montanhas acima dos 8000m sem o uso de oxigênio suplementar, fez após escalar o Everest. Ele disse que foi o maior desafio de sua vida, mas de um certo ponto de vista foi mais fácil para ele, pois sabia que Messner já tinha escalado antes. Então ele tinha certeza que era uma objetivo possível de ser realizado. Você repetir ou quebrar um recorde é bem diferente do que você ser o primeiro a fazê-lo, naquele momento em que para todos isso era impossível.
O que se espera de Alex Honnold é que ele agora de um passo atrás, como fez Peter Croft, e diminua seus desafios e riscos que a escalada solo envolve e que possa viver e desfrutar da vida pelos próximos anos.
No momento que Alex Honnold concluía o sonho de uma vida, como ele próprio disse em sua página no facebook, eu estava fazendo a trilha do Tour du Mont Blanc entre La Flégère e Planpraz, e vendo a minha esquerda o Vale de Chamonix e o Maciço do Mont Blanc, o berço mundial da escalada e do montanhismo, de onde praticamente tudo começou e levou até esta histórica escalada solo do El Capitan.
Acima de tudo o que fica para nós meros mortais e apreciadores de grandes conquistas é a satisfação de ter vivenciado esse momento que entra para a história. Ser testemunha da grande conquista de Alex Honnold e sentir como isso inspira as pessoas a irem além, a confiarem em suas virtudes e em seus sonhos, faz parecer que nós também triunfamos com ele.
Toda escalada solo de Alex Honnold no El Capitan foi documentada pela National Geographic e será produzido um filme, e uma matéria para a revista.
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